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YOGA SUTRAS DE PATAÑJALI

oito janelas para o universo

“Yoga é a prática de aquietar a mente.”

~ Patañjali

O sábio Patañjali (aproximadamente 150 AC) define yoga como “neutralização das ondas alternadas na consciência”. Sua primorosa obra, Yoga Sutras, forma um dos seis sistemas da filosofia hindu que incorporam os ensinamentos teóricos e práticos.

Patañjali depois de reconhecer a natureza do ser, da existência e da própria realidade, sistematizou em formato de sutras (pequenos aforismos) o caminho da remoção permanente do sofrimento e a obtenção da bem-aventurança atemporal.

O Yoga existe há milênios mas só foi codificado um pouco mais de 2.000 anos atrás. O texto responsável por este marco chama-se Yoga Sūtra de Patañjali (aforismo do Yoga escrito pelo sábio Patañjali) e foi dividido em quatro capítulos, com 196 aforismos, onde descreve as oito partes (aṣṭāṅga) para se atingir o objetivo do Yoga – que é o estado de supra-consciência ou Samādhi. Este estado é a união com o Absoluto, bem-aventurança, suprema felicidade, paz infinita e sabedoria eterna.

As oito partes ou passos (aṣṭāṅga), possuem uma relação íntima como de simbiose com todos os aspectos da consciência, influindo diretamente em cada célula do corpo determinando a qualidade da sua atividade e performance. O desenvolvimento do auto-aperfeiçoamento se dá através da construção de uma consciência treinada, equânime e fortalecida. Esses passos são como degraus para uma consciência mais elevada. Patañjali é reconhecido como um sábio iluminado e por isso sabia os processos da mente para o humano se elevar-se e atingir o seu máximo em se tratando das suas capacidades. Vejamos abaixo os oito passos:

1

Yama

Conduta moral

2

Niyama

Observâncias

3

Āsana

Postura estável

4

Prāṇāyāma

Controle do prāṇa

5

Pratyāhāra

Abstração dos sentidos

6

Dhāraṇā

Concentração real

7

Dhyāna

Estado meditativo

8

Samādhi

Supra-consciência

1.
Yama

Constitui-se da prática dos comportamentos morais, éticos, restrições, disciplina ou dever. Entende-se por não-ferir os outros, veracidade, não-roubar, continência e não-cobiça. Preceitos para atingir a verdadeira concentração e pureza mental. Entende-se que a disciplina da conduta moral favorece a liberdade. São elas:

  • ahiṃsā – não violência a partir do pensamento à ação, sinônimo de gentileza ou amizade;
  • satya – falar a verdade, ser sincero, honesto, em conformidade com a parte (āṅga) acima;
  • asteya – não roubar em todos os sentidos, em conformidade com as partes acima;
  • brahmacharya – controle sexual ou compromisso com o objetivo em conformidade com as partes acima;
  • aparigraha – isenção da ganância de riquezas ou posses, desde que em conformidade com as partes acima;

2.
Niyama

Constitui-se das observâncias pessoais ou virtudes para a obtenção de auto-controle, sendo promissor para a prática espiritual da filosofia do Yoga. São elas:

  • śauca – pureza física (externa) e sutil (interna);

  • saṅtoṣa – contentamento;

  • tapas – austeridade, disciplina;

  • svādhyāya – o estudo que o conduz ao auto-conhecimento;

  • iśvara praṇidhāna – concentração no Absoluto.

3.
Āsana

Āsana ou posturas do yoga, utiliza-se do corpo como o instrumento da alma, a nossa estrutura física que é o reflexo da nossa condição interior e está sempre em ação. Como costumo descrever, a postura acontece milhões de vezes no instante do agora, mesmo quando parados, estamos em movimento (interno); e isto é āsana, uma postura firme e confortável para a meditação.

Sabe-se de 84  āsanas clássicos e infinitas variações e outras posturas não tradicionais. Os nomes de muitos dos āsanas clássicos são derivados de deuses hindus e figuras religiosas, figuras mitológicas em escritos antigos indianos ou animais nativos da região. Em diferentes textos tradicionais possuem diferentes nomes para as mesmas posturas, hoje, quase mil anos depois, mais nomes foram dados as mesmas posturas por diferentes razões.

 

4.
Prāṇāyāma

Prāṇāyāma é a técnica respiratória para controle da energia vital (prāṇa). A respiração é a conexão com a consciência. Se você controla a respiração, você controla diversos aspectos da consciência, assim como, se você controla a consciência, você controla a respiração. A força de vontade, os pensamentos, os estados emocionais, o uso da inteligência, todos, possuem uma mesma ferramenta para o seu controle, a respiração. As energias prânicas encontram-se no ar e são assimiladas de acordo com a qualidade dos pensamentos, das ações, e de todas as diversas formas de se expressar.

5.
Pratyāhāra

Abstrair os sentidos é manter-se afastado dos sentidos que não são utilizados a seu favor naquele instante. Por exemplo, é muito comum as crianças não nos ouvirem chamando quando estão brincando. Alguns dos sentidos estão a favor da brincadeira, outros não como a fome e a sede, o frio ou calor, eles não são lembrados ao brincar. Naquele momento, as crianças só ouvem o que desejam – ou seja, só os sentidos solicitados à brincadeira. Essa capacidade de abstração é a capaciade de abstrair os sentidos para a verdadeira concentração.

6.
Dhāraṇā

A concentração acontece depois da abstração dos sentidos ou depois da capacidade de distinguir e separar as sensações produzidas pelos sentidos. Dhāraṇā é realizado com uma vontade inflexível direcionada a um único propósito. Você se fixa num único ponto, podendo ser este um objeto concreto, a sua respiração ou uma única imagem. Quando nos propomos à concentração, diversos pensamentos e imagens podem aparecer, e você precisará tomar as rédeas do pensamento e trazê-los de volta ao objeto de concentração.

7.
Dhyāna

 

É muito comum os alunos perguntarem como saber se estão meditando. A resposta é muito simples, quando você atinge o estado meditativo, não existe dúvidas, porque esse estado é de consciência elevada. O real momento da meditação só é possível depois de atingir o estado de profunda concentração e naturalmente vai de encontro ao estado meditativo. Meditar é o contínuo fluxo da concentração ampliado para o estado meditativo. O caminho para a meditação inicia-se com a capacidade de abstrair os sentidos, mantendo-o até que a pura concentração se instale com naturalidade.

8.
Samādhi

O objetivo final do yoga é o estado de supra-consciência que chamamos de samādhi ou nirvāṇa, que significa a condição de completa libertação sobre as dualidades do mundo interno e consequentemente do externo, posição que transcende a própria meditação por atingir a consciência sobre o seu corpo causal (Karana-Śarīra).

“O meditador e o que é meditado, se tornam uma única coisa, é o estado que não há nem meditação nem coisa meditada.”

~ Svāmī Śivananda

Quer saber mais sobre a filosofia do yoga? Escreva ou fale abaixo nos comentários.

Abaixo as duas interpretações que eu mais considero…

 

  1. Os Sutras do Yoga de Patanjali por Swami Satchidananda – Livro na plataforma Issuu (formato digital) em português – https://issuu.com/yogaville/docs/os_sutras_do_yoga_de_patanjali
  2. O Yoga que conduz à plenitude: Os Yoga Sutras de Patañjali (Português) Capa Comum – 11 out 2017 > por Gloria Arieira

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